terça-feira, 8 de maio de 2012

Poesia: Contraluz

 

Contraluz

Eu sou o verso que vaga perdido
inerte dentro de um sonho tardio,
sou a saudade que me tem esquecido,
sou o poetar da dor que não alivio ...

Sou o poema que lanço ao infinito
na oprimida poesia que julgo conhecer,
sou quem na noite desperta aflito
agonizando no versejar sem se caber ...

Sou angústias que exponho ao destino
no horizonte inóspito do meu pranto,
sou a lucidez contida em cada desatino,
sou a ternura derramada no acalanto ...

Sou um profeta estranho ao futuro
trilhando desertos em caminhos sem guia,
sou a contraluz de um coração escuro,
sou o prelúdio do amor rimado à revelia ...

Sou a fratura exposta da face discreta
na peregrinação em busca da licença poética,
eu sou o sangue esvaindo da ferida secreta,
eu sou o orgasmo da minha poesia frenética ...

Sou a poética que ao crepúsculo reconheço
exilada no mais profundo porão do meu ser,
sou todo o sentimento que em vão ofereço,
sou o poeta que, enfim ... vai desaparecer ...

Jean Paul Lopes